Com mais de 500 mil vítimas por ano, o Brasil perde apenas para a Tailândia no ranking mundial de exploração sexual de crianças e adolescentes, de acordo com o Instituto Liberta — organização que trabalha pelo fim das violências sexuais.
“Nossa missão é garantir que mais nenhuma criança ou adolescente seja vítima de violência sexual neste país. Precisamos saber o que fazer para evitar que aconteça”, explica a organização em seu site.
Os dados foram levantados pelo Instituto e mencionados pela Brasil Paralelo, que ajudou na divulgação do filme “Som da Liberdade” que denuncia a crescente rede de tráfico e pedofilia internacional.
Os dados sobre a realidade brasileira chocam:
- A cada 24 horas, 320 crianças e adolescentes são explorados sexualmente no Brasil;
- O número de vítimas pode ser ainda maior, já que apenas 7 em cada 100 casos são denunciados;
- 75% das vítimas são meninas;
- As vítimas sofrem espancamentos, estupros e estão sujeitas ao vício em álcool, drogas e infecções sexualmente transmissíveis.
Ainda segundo a Brasil Paralelo, o levantamento dos Pontos Vulneráveis à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes nas Rodovias Federais Brasileiras também elencou dados alarmantes:
“Entre 2019 e 2020 foram encontrados 3.651 pontos vulneráveis nas rodovias federais, sendo que 470 foram classificados como críticos: 1.079 estão no Nordeste, 896 no Sul, 710 no Sudeste, 531 no Centro-Oeste e 435 no Norte”.
Do total, 60% são em áreas urbanas, especialmente em postos de combustível às margens de rodovias.
Crianças desaparecidas no Brasil
Todos os anos, mais de 1 milhão de crianças e adolescentes somem em todo o mundo, conforme a Sociedade Brasileira de Pediatria que alerta sobre o risco que enfrentam as crianças desaparecidas no Brasil.
São cerca de 50 mil crianças e adolescentes brasileiros desaparecidos por ano, ou seja, mais de 130 por dia. Maus tratos, adoção ilegal, trabalho escravo, remoção de órgãos, tráfico humano e exploração sexual são os principais destinos dessas crianças.
Por que as pessoas se omitem?
O silêncio das pessoas é intrigante. No Brasil, o número de estupros contra menores cresceu 15,3% no último ano. Os crimes de exploração sexual cresceram 16,4%.
A ONU já aponta que a exploração sexual infantil é um crescente problema global. Então, por que há tantas pessoas criticando o filme “Som da Liberdade” que alerta para a realidade deste problema?
“Pessoas boas se retraem e não fazem nada, o que permite que o mal ocorra. É necessário que existam pessoas que se levantem no tempo em que esse mal ocorre”, afirmou o protagonista do filme, Jim Caviezel, durante uma entrevista.
O ator, que foi cancelado por representar Jesus Cristo no filme A Paixão de Cristo, estreou recentemente em seu novo filme Som da Liberdade interpretando a história real de Tim Ballard, ex-agente americano que luta contra o tráfico infantil.
“Eu tive que me confrontar com a ideia de que milhões de crianças são exploradas sexualmente porque existe uma demanda de milhões de pedófilos para assistir vídeos de exploração sexual”, afirmou o agente Tim Ballard.
Tim Ballard e Jim Caviezel promoveram o filme para denunciar o crescimento e a expansão das redes de exploração sexual infantil internacionais.
‘A Igreja precisa ter consciência do problema’
Em vídeo recente, publicado em seu Instagram, o Pr. Lucas Hayashi denuncia o sofrimento das crianças brasileiras, principalmente na Ilha de Marajó, onde está.
Acredito que a falta de divulgação destes problemas contribui para a persistência de práticas como incesto, pedofilia, abuso sexual, exploração infantil e tráfico de crianças na região”, explicou em entrevista ao Guiame, no mês de setembro.
Para Hayashi, a Igreja pode desempenhar um papel crucial na luta contra abusos e crimes envolvendo crianças no Brasil: “Em primeiro lugar, é fundamental que a Igreja tenha consciência da gravidade do problema, porque sem conhecimento não conseguirá interceder e agir de forma eficaz”.
“Existem sistemas e estruturas corruptas que facilitam a continuidade destes abusos e do tráfico de crianças. Como sabemos, o mercado da pornografia infantil é extremamente lucrativo e, por isso, há uma batalha entre aqueles que querem manter este crime escondido, por razões financeiras, e os defensores da proteção infantil”, observou.
“Só criando uma relação de valor duradouro na região, ou criando uma mudança cultural através da educação, poderemos verdadeiramente combater este comércio horrível”, disse ainda.
“A oração é essencial para pedir a proteção de Deus sobre as crianças e para buscar estratégias ativas de intervenção”, concluiu.
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