Apesar de ser o país mais populoso do mundo, com 1,45 bilhão de habitantes, a Índia enfrenta um paradoxo: a necessidade de aumentar sua taxa de natalidade. Recentemente, líderes dos Estados de Andhra Pradesh e Tamil Nadu expressaram preocupações sobre as baixas taxas de fertilidade e o envelhecimento rápido da população, que podem afetar a economia e a representação política.
Em 17 dos 29 Estados e territórios, a taxa de fertilidade caiu abaixo do nível de reposição populacional (2 filhos por mulher), sendo que os cinco Estados do sul lideram essa tendência. Por exemplo, Tamil Nadu tem uma taxa de fertilidade de 1,4, inferior à de muitos países europeus. Esse declínio pode reduzir a alocação de assentos no Parlamento e as receitas federais para os Estados mais prósperos, o que gera temores de uma maior desigualdade.
Além disso, a Índia enfrenta um envelhecimento acelerado. A transição de uma população jovem para uma mais velha ocorrerá em apenas 28 anos, comparado aos 80 anos de países como Suécia e França. Isso cria desafios para a seguridade social e o sistema de saúde, já que muitos idosos pertencem aos 20% mais pobres da população.
O debate sobre a natalidade ganha ainda mais destaque com declarações de líderes políticos e ideológicos, como Mohan Bhagwat, que sugeriu que os casais tenham três filhos para garantir o futuro da Índia. Contudo, especialistas alertam que, mesmo com taxas de fertilidade mais baixas, o crescimento populacional pode ser controlável se a transição for feita de forma planejada.
Para os Estados como Tamil Nadu e Kerala, que enfrentam escassez de força de trabalho, o foco precisa ser no aumento da produtividade dos idosos e na adoção de políticas de envelhecimento saudável. Os demógrafos alertam que a Índia precisa melhorar a qualidade de vida dos idosos, prolongar a idade de aposentadoria e aproveitar sua população jovem para impulsionar a economia, aproveitando a janela de oportunidade até 2047.
Por: Ana Cléia Araujo
Imagem: Ritesh Arya | Pexels.com
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