O atacante Alexandre Pato revelou detalhes de sua carreira e sua relação com Deus em um artigo publicado nesta terça-feira (31) no site de esportes The Players’ Tribune. No texto, o jogador explica “o que realmente aconteceu com Pato” desde as frustrações na carreira até seu encontro com Jesus.
Pato acredita que Deus deu a ele um dom, mas esclarece: “O primeiro ponto que você precisa entender é que eu saí de casa cedo. Provavelmente muito cedo. Quando você tem 10 anos, você não está pronto para o mundo. Você sai em busca do seu sonho, mas você está sozinho e é muito fácil para se perder no caminho”.
Nascido no interior do Paraná, Pato foi revelado pelo Internacional, onde jogou seis anos nas categorias de base. Nessa época, ele relata ter vivido seu primeiro milagre.
“Eu tropecei em uma corrente de estacionamento e caí em cima do meu braço esquerdo. Eles engessaram metade do meu corpo, e eu estava parecendo uma múmia”, relatou. “O médico fez um Raio-X e encontrou um tumor grande no meu braço. ‘Ou ele faz uma cirurgia agora, ou teremos de amputar’”.
Ainda adolescente, Pato teve que lidar com a notícia de que poderia perder seu braço esquerdo em 24 horas. Na época, sua família não tinha condições de pagar a cirurgia, então seu pai tentou convencer o médico.
“Ele filmava todos os meus jogos, então ele pegou as fitas e as levou para o hospital, fez uma oração, entrou no consultório médico e colocou aquelas imagens chuviscadas de uma criança correndo na quadra de futsal. O meu pai disse: ‘Doutor, esse é o meu filho. Eu não sei como pagar por isso, mas eu só não quero vê-lo parar de jogar’”, conta.
“Para o que aconteceu depois eu não tenho explicação. Talvez o médico viu talento em mim. Ou ele escutou a voz de Deus. ‘Não se preocupe, eu faço de graça para o seu filho’”, continua o jogador, que concluiu: “Foi um milagre.”
Em 2007, um mês antes de completar dezoito anos, Pato foi contratado pelo Milan, onde viveu uma fase de sucesso no clube italiano. No entanto, sua trajetória passou a ser prejudicada pelas lesões. “Eu chorei, chorei, chorei. Tive medo de nunca mais jogar futebol”, confessa.
Em 2013, o jogador acertou com o Corinthians com um alto salário, mas sua passagem pelo clube paulista foi frustrante. Em apenas uma temporada, ele foi emprestado ao São Paulo. depois de ser reapresentado ao Corinthians, o atacante passou por times como o Chelsea, Villarreal e Tianjin Tianhai, até que entendeu que “que precisava mudar”.
Ponto de virada
Em 2017, Alexandre estava na China, solteiro e morando com um amigo. Naquela época, ele estava buscando cuidar de sua saúde mental e de seus relacionamentos. Ele diz que foi um período em que “amadureceu” e “estava jogando bem”, mas ainda buscava se preencher com diversão.
“Depois da minha passagem na China, eu ainda estava solteiro, então eu decidi aproveitar a minha liberdade. Fui para Los Angeles. Queria o melhor hotel, o melhor carro, as melhores festas”, revela.
“Estava em um lugar e, de repente, uma menina começou a cheirar cocaína do meu lado. ‘Caraca, o que eu tô fazendo aqui?’ Peguei as minhas coisas e saí. Não quero isso para a minha vida, esse mundo vazio. Falei com o meu amigo. ‘Será que vou passar o resto da minha vida sozinho?’”, acrescentou.
Pato então decidiu voltar ao Brasil e mandou uma mensagem para Rebeca Abravanel, que até então era sua amiga. “Quer dar uma volta?”, ele perguntou. “Vamos tomar um café”, ela respondeu.
“Eu me encontrei com ela e depois de poucos segundos… Cara, é isso o que eu quero. Chamei ela pra sair de novo. Coloquei uma roupa bacana, fiquei todo no estilo. Ela disse: ‘Vamos à igreja’”, ele conta. “Igreja?”, pensou consigo.
Foi então que o jogador viveu algo inesperado: “Cara, que surpresa. A Bíblia tinha todas as respostas que eu estava procurando há anos. Olhei para o céu e falei: ‘Senhor, não quero mais aquela vida’. Naquele dia tudo mudou para sempre.”
Desde então, Pato diz que passou a viver uma realidade totalmente diferente. Desde 2021, ele joga no Orlando City e hoje, aos 32 anos, tem a esperança de disputar uma Copa. “Mas essas coisas acontecem no tempo de Deus. Eu vivo o hoje. O resto é com Ele”, destaca.
Alexandre diz que não se tornou o melhor do mundo no futebol, mas de seu ponto de vista, recebeu muitas “Bolas de Ouro”.
“Vejo os meus pais com muito mais frequência — estamos recuperando o tempo perdido. Tenho um relacionamento maravilhoso com os meus irmãos. Estou em paz comigo mesmo. Sou um filho de Deus. Amo a Rê, a minha esposa”, pondera. “Se a vida é mesmo um jogo, eu venci.”
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